O leilão extrajudicial, conforme a própria designação indica, acontece fora da esfera do poder judiciário. Em grande parte dos casos, os leilões extrajudiciais estão vinculados a contratos de alienação fiduciária, um modelo de garantia amplamente adotado pelas instituições financeiras. Esse mecanismo, em linhas gerais, estabelece a transferência resolúvel da propriedade do imóvel ao credor como garantia do financiamento concedido.
O que é a alienação fiduciária:
A alienação fiduciária, enquanto conceito fundamental em transações imobiliárias, representa uma contrapartida ao financiamento concedido para a aquisição do bem. Nesse contexto, ocorre a transferência resolúvel da propriedade do imóvel para o banco financiador. A propriedade resolúvel, por sua vez, refere-se a um registro imobiliário que aguarda o cumprimento de uma obrigação para sua concretização ou conclusão.
Ao adquirir um imóvel por meio de financiamento imobiliário com garantia de alienação fiduciária, a propriedade permanece registrada em nome do banco até a conclusão dos pagamentos. Durante esse período, o adquirente detém apenas a posse e os direitos de aquisição sobre o bem. Se o contrato de financiamento for devidamente quitado, a propriedade resolúvel se resolve, marcando o cancelamento da alienação fiduciária e a transferência integral da propriedade ao comprador.
Em contrapartida, a não efetivação dos pagamentos acarreta na perda do direito de aquisição do bem, colocando em risco a posse e os direitos do adquirente.
Consequência do inadimplemento da dívida garantida pelo imóvel:
No caso de inadimplência por parte do devedor, a instituição financeira adota um procedimento específico para cobrar o crédito e retomar o imóvel. Após o vencimento do prazo de carência, cuja duração pode variar entre as instituições, geralmente estabelecendo-se em torno de três parcelas consecutivas não pagas, os bancos têm a responsabilidade de requerer ao Registro de Imóveis competente que notifique o devedor.
Essa notificação tem como objetivo alertar o devedor sobre a necessidade de quitar integralmente as parcelas em atraso em um prazo de 15 dias. A não observância desse prazo acarreta na consolidação da propriedade em nome do banco. Em outras palavras, se, mesmo após a intimação, o devedor não efetuar o pagamento, a propriedade do imóvel é formalmente transferida para o banco, extinguindo qualquer direito do devedor sobre o bem imóvel. Este é um desdobramento significativo no processo, destacando a importância do cumprimento das obrigações financeiras para evitar a perda da propriedade.
O imóvel é levado ao leilão extrajudicial:
Após a consolidação da propriedade, a instituição financeira inicia os procedimentos para o leilão extrajudicial. Esse processo abrange a determinação do valor inicial, fundamentado no contrato de financiamento e na avaliação do imóvel. Além disso, é elaborado o edital, um documento crucial que apresenta detalhes sobre o leilão, condições de pagamento e as responsabilidades que recaem sobre o arrematante.
Uma vez concluídos esses preparativos e agendado um dia e hora específicos para o leilão, o devedor deverá ser formalmente intimado acerca do evento. Essa notificação é um passo importante, assegurando que todas as partes envolvidas estejam cientes do processo e possibilitando ao devedor a oportunidade de participar e exercer o seu direito de preferência.
O valor da arrematação no leilão extrajudicial:
O processo de arrematação em um leilão extrajudicial é conduzido em duas fases distintas. Na primeira etapa, o imóvel é inicialmente ofertado pelo valor estipulado no contrato de financiamento. Caso não haja arrematação nesse primeiro leilão, o procedimento avança para uma segunda etapa, na qual o valor mínimo de arrematação é recalculado. Nessa fase, o valor mínimo da arrematação passa a ser o correspondente ao valor da dívida, somada as demais despesas do contrato descumprido.
É importante destacar que o valor mínimo estabelecido para o segundo leilão frequentemente se apresenta consideravelmente reduzido em comparação ao inicial, tornando-se uma oportunidade atrativa para os participantes. A dinâmica competitiva do leilão, aliada à possibilidade de adquirir o imóvel por um valor abaixo do mercado, confere ao segundo leilão um caráter particularmente interessante para investidores e compradores em busca de vantagens no cenário imobiliário.
Considerações Finais:
O leilão extrajudicial de imóveis oferece uma oportunidade única para investidores e compradores adquirirem propriedades com valores abaixo do mercado. No entanto, é crucial realizar uma pesquisa aprofundada, participar de forma responsável e entender todos os aspectos do processo para garantir uma transação bem-sucedida. Com a devida diligência, os leilões extrajudiciais podem ser uma ferramenta valiosa para diversificação de investimentos e realização de sonhos imobiliários.
Caso tenha ficado alguma dúvida não deixe de nos enviar um e-mail: contato@barbarabohnen.com.br
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